quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

"A Melhor carta 2011" - CTT/ANACOM

Os Sabichões continuam entretidos pelo mundo da escrita.
Os CTT lançaram um novo desafio aliado à natureza.
Somos uma escola pioneira na defesa do ambiente e como tal não podíamos deixar de participar.




Não foi muito fácil descobrir o género epistolar.
Treinámos e treinámos.
Já trabalhámos a Floresta Laurissilva para a Bandeira Verde, o que nos ajudou muito.
Contámos, também, com ajuda da nossa professora.

Eis algumas das nossas cartas:

"Dragoeiro Falante
Floresta Laurissilva
Madeira – Portugal


Exmo Senhor,
Alberto João Jardim
Presidente da Região Autónoma da Madeira
Quinta Vigia
Av. do Infante, nº1
9004-547 Funchal
Madeira – Portugal


Floresta Laurissilva, num dia de sol.

Exmo Senhor,

            Eu sou um dragoeiro gigante e vivo na Floresta Laurissilva, no norte da Ilha da Madeira.
            Senhor Presidente, escrevo-lhe para pedir que me ajude.
            Gostava que proibisse os arquitectos de construir casas nas serras.
            Gostava que avisasse os lenhadores para não cortar as árvores.
            Gostava que mandasse alguém plantar mais árvores e que as deixassem crescer em paz.
            Gostava que apanhasse quem pega lume na floresta.
            Gostava que arranjasse mais pessoas para vigiar a floresta.
            Gostava que punisse quem deita lixo no chão, quem arranca as nossas flores, quem corta as nossas árvores e quem pega lume em nós.
            Gostava que cuidassem da natureza.
            Gostava que não desprezassem as árvores, as plantas e os animais da nossa floresta. Alguns de nós somos únicos.
            Gostava que pedisse as pessoas para não poluir  o planeta.
            Gostava que pedisse as pessoas para serem mais bem-educadas com a natureza. O que custa juntar o lixo?
            Gostava que não deixasse muitas pessoas a visitar a nossa floresta, porque não têm cuidado.
            Gostava que avisasse o mundo quem somos. Um corre-caminhos disse-me que os homens já fazem muitas destas coisas por nós. Mas, ainda são poucos. Todos os dias parece que desaparecemos para dar lugar ao cimento.
            Gostava que visitasse mais a nossa floresta. Nem imagina o quanto estamos a mudar, porque os incêndios matam os nossos irmãos.
            Gostava que divulgasse mais o que nos acontece para prevenir todos.
            Gostava que mandasse os meninos das escolas visitar a nossa serra. Podiam limpar a floresta, falar connosco, jogar à bola e descobrir o verde da terra.
            Gostava que falasse pelas árvores e pelos animais da floresta. Acha bem que nos matem com lixo, incêndio e construções?
            Gostava que protegesse a malta.
            Gostava que organizasse visitas de estudo pela serra. Que planeasse plantações de pequenas árvores, umas como eu, típicas da terra, outras como árvores de fruto.
            Gostava que reparasse como a natureza é boa. As árvores dão frutos que podemos comer e dão madeira que vocês usam nem sei explicar para quê. Parem de fazer mal à natureza.
            Gostava que se certificasse que a serra fica limpa nas festas e nas corridas. O vidro faz muito mal e o plástico dura muito tempo.
            Gostava que parasse e nos ouvisse um dia.
            Gostava que aconselhasse a todos para plantar uma árvore em casa. As pessoas gostam de ouvir a sua voz. Sei que fala por nós.
            Gostava que prendesse quem nos faz mal.
            Gostava que lembrasse às pessoas para lerem mais sobre a natureza.
            Gostava que mandasse as pessoas limpar o mato nas serras.
            Gostava que mandasse alguém limpar todas as veredas.
            Gostava que nunca nos abandonasse.
            Gostava que deixasse os animais da nossa floresta cá a viver para sempre. Algumas espécies estão em vias de extinção. Prenda quem lhes faça mal.
            Gostava que verificasse se as pessoas me conhecem? Ou o que são um til ou um loureiro?
            Gostava que lesse com atenção esta carta escrita por um dragoeiro, que fala mas ouve mal. Não tenho culpa, já tenho muitos anos, estou a ficar velho.
            Com os melhores cumprimentos,
            Um dragoeiro da Floresta Laurissilva "
ÉLVIO, 4º Ano

"Carvalho Podre
Floresta Laurissilva, nº 17
Madeira

Exmo Senhor,
Barack Obama
Presidente dos Estados Unidos
Rua do Sabão, nº 9999
Washington – EUA
                                                                      
           

Floresta Laurissilva, num dia sereno de Inverno.


Caro Obama,


            Olá, Sr. Barack Obama, eu sou um pobre e velho carvalho. Vivo na Floresta Laurissilva, na Ilha da Madeira, em Portugal. Tenho um milhão de anos, penso eu.
            Escrevo a pedir que me ajudes a dizer ao Alberto João Jardim para não construir um hotel na Floresta Laurissilva.
            Alberto João Jardim é o nosso presidente. Ele deve ouvir-te como és uma figura importante.
            É preciso salvar a nossa floresta porque temos plantas únicas em todo o mundo! Se ele continuar, vai matar muitas das minhas irmãs árvores, tais como, o til, o carvalho, o dragoeiro, a anoneira, o loureiro, o eucalipto, etc…
            Sem as árvores e as plantas, os animais típicos da nossa floresta também vão sofrer. O corre-caminhos, o pombo-trocaz, o bis-bis, a cagarra e o francelho vão abandonar-nos.
            Ouve lá, se não me ajudares, eu e as minhas amigas árvores vamos fazer greve de oxigénio. Passamos a palavra de mundo em mundo através do nosso amigo vento.
            Sem nós, vocês morrem. Por isso, põe lá o teu cérebro de bolota a funcionar para ajudares a salvar a Floresta Laurissilva. Fica numa ilha tão pequenina no meio do oceano.
            Somos tantos a viver aqui, em família.
            Tu, Barack Obama, podes dizer assim ao Alberto João Jardim:
_ “Oiça, senhor Alberto João Jardim, você não pode autorizar a fazer aquele grande hotel no meio da floresta Laurissilva, porque vai matar muitas árvores e animais. “
            Estamos em perigo, Obama. Se nos cortarem mais para fazer madeira, somos cada vez menos. Em Agosto de 2010, os incêndios mataram muitas das minhas amigas, sem dó.
            Por favor não autorize a construir aquele hotel. Os turistas podem passear para outro lado da ilha.
            Eu ouvi dizer que também andas a cortar árvores no teu país.
            Foram uns turistas que andavam a passear pelas nossas veredas. Na verdade, não sei bem que língua os turistas falavam, mas para terem dinheiro, devem ser dos vossos lados.
            Gostei muito de vê-los a fazer as nossas veredas. Passaram bem perto de mim, um deles, até descansou a mochila à minha sombra. Guardaram o lixo que fizeram, não apanharam as flores nem fizeram fogueiras. Foram nossos amigos!
            Nem toda a gente é assim! Quando há festas é vidro e lixo por todo o lado.
            Um til disse-me que os turistas respiravam ar puro e não queriam sair da floresta.
Obama, se destruírem a floresta, vocês já não nos podem visitar.
            Eu gostava que ninguém cortasse as árvores, assim, nós viveríamos num país limpo.
            Barack Obama fala por favor com o Rei Juan de Espanha e com o Presidente da França, Sarkosy. Todos podem avisar o nosso presidente.
            Querem comprar a Floresta Laurissilva?
            Não estamos à venda, mas por favor, proteja a nossa vida.
            Não lhe custa nada. Pegue no seu telefone vermelho e ralhe com o nosso presidente.
            O nosso presidente promete todos os anos proteger as nossas serras, plantar mais árvores, limpar as veredas, proibir festas e caças, mas nem sempre consegue impedir que nos façam mal. E, agora, quer construir um grande hotel!
            Por favor fale com ele, Sr. Barack Obama.
            Com os melhores cumprimentos,

Um pobre carvalho podre
no meio da Floresta Laurissilva. "

LUCAS, 4º ANO


"Pinheiro Mágico
Floresta Laurissilva
Santana – Madeira
Portugal

 Exmos Senhores,
Carpinteiros Lenhadores Sem Dó
Rua da Pataca, nº 18
9100-018 Gaula
Santa Cruz – Madeira
Portugal

Floresta Laurissilva, num dia chuvoso e nebuloso sem dó.

Exmos Senhores,

            Olá, eu sou um pinheiro e vivo ao pé da Floresta Laurissilva, a floresta mágica da Ilha da Madeira.
            Só quero pedir-vos para não me arrancarem.
             Gosto muito de estar no solo, na terra bem fofinha e mole.
            Gosto de ver o sol nascer, ver os meus irmãos e a linda paisagem que consigo ver à minha volta. É tão linda, cheia de verde, com os passarinhos a cantar, as flores multicolores e muitas árvores de todos os tamanhos. Gosto do ninho que os pássaros fizeram no meu ramo e da linda melodia que cantam logo ao amanhecer.
            Quem não gostaria de viver aqui?
            A floresta Laurissilva até dá gosto de ver ao longe. Aquelas plantas e árvores que só existem na nossa terra.
            Certo dia, um til avisou-me que eu podia correr perigo, quando chegasse àquela altura do ano, em que tudo fica gelado, à espera da neve. Não percebi o que ele me queria dizer, lá do alto dos seus braços, com séculos de vida. Pela floresta, dizem que ele é sábio.
            Agora deixei de sentir os bis-bis à minha volta. Reparei que éramos cada vez menos pinheiros na serra. Perdi de vista os meus primos. Vi os meus tios chorar muito, mas não percebi. Até que um loureiro me disse que vocês andavam pela nossa serra.
            Vocês fazem uma barulheira assustadora.
            Escrevo a pedir-vos que não me transformem numa árvore de Natal?!!!
            Eu já sou bonito e cheiro bem! Não me ponham bolas nem fitas à minha volta. Eu não quero dar luz!
            Como são capazes de cortar pinheiros para isso? Os meus primos morreram para vos darem luz e porem presentes debaixo deles? As árvores não servem para isso.
            Nós somos vossas amigas, damos oxigénio e ajudamos a chuva.
            Porque nos cortam aos pedacinhos? Um dragoeiro disse-me que nos usam para fazer móveis. Eu não quero ser uma porta com ferrugem!
            Vocês deviam ter vergonha. Cortam-nos sem dó. Olhem à vossa volta, nós já estamos em perigo, com tanto lixo na serra e com os incêndios.
            Quase me queimei este Verão! Um bombeiro deu-me uma chuvada de água fria e conseguiu salvar-me. Mas, o meu avô acabou por morrer, mesmo ao meu lado.
            Sou um pinheiro mágico porque consigo falar com todas as criaturas.
            A carqueja fartou-se de gritar. Como estava seca, mesmo sem querer, pegou logo lume e queimou-nos a todos. Até hoje não sabemos como pegámos lume!
            Um francelho disse-me que vocês precisam de trabalhar para viver. Façam greve ou mudem de profissão. Podiam ser guardas-florestais.
            Imaginem que, em vez de, nos matarem sem dó, passariam a plantar mais árvores na floresta, a cuidar das plantas, a limpar os caminhos e o mato, a proteger os animais e só matariam as árvores, já muito velhotas, para fazer esses móveis.
            Um dragoeiro explicou-me que os móveis são feitos de madeira para vocês sentarem-se, deitarem-se e andarem no chão! Querem sentar-se? Sentem-se nos meus galhos, mas não me matem para fazer a porra de uma cadeira! Estou vivo.
            Por favor, deixem-me escapar este Natal.
            Atentamente,

Um pinheiro mágico"
            MIGUEL, 4º ANO

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